O maior confronto entre os outros tempos e os nossos foi, porventura, estarmos bem instalados no novíssimo pav. Rota dos Móveis a ver as fotos da apresentação que o Júlio e o Fraga tiveram o cuidado de seleccionar. Admirem só estes campos. A cinza marcava o chão de terra e tudo o resto era construído em madeira... Na de baixo, o Júlio (nº 3 em primeiro plano) ia tentar o “abafo”, sob o olhar atento de dezenas de espectadores, “amontoados” na horta contígua ao campo. Reparem ainda na “casa” do oficial de mesa e na calça e sapatinho branco do árbitro...
O Júlio trouxe mesmo uma bola daquele tempo, gentilmente cedida pelo CAA Salesianos, que foi passada ansiosamente de mão em mão.
Como era de prever, o entusiasmo do Júlio suscitou muitas questões, das quais transcrevemos as seguintes:
- Não havia triplos? “De início não, só mais tarde é que apareceu... nós lançávamos de longe mas só contava 2 pontos”
- Não havia 24 segundos? “Na realidade, não havia cronómetros. Havia os 5 segundos para repor a bola em campo e era mais ou menos... dava sempre umas polémicas”
- Jogavam 4 períodos de 10 minutos? “Não! Eram duas partes de 20 minutos pelo relógio normal e mais 3 ou 5 minutos, ou o que os capitães combinassem antes ou mesmo durante o jogo... era mais ou menos...”
- Não havia nenhum pavilhão? “No Porto só havia o Palácio de Cristal (onde hoje está o Pav. Rosa Mota) e em Lisboa o que é hoje o actual Pav. Carlos Lopes... mas só eram usados para as competições muito importantes”
- As tabelas assim aguentavam os afundanços? “Quais afundanços... eu era dos mais altos e já era um feito tocar no aro. Não tínhamos treinos para impulsão nem nada...”
- E se chovesse? “Jogávamos! A bola enlameada escorregava bastante, proporcionando momentos bem hilariantes...”
- Quando treinavam? “Como não havia luz procurávamos o final da tarde, depois do trabalho, e às vezes à hora do almoço, vestidos e tudo”
- Já havia bases, extremos e postes? “Não! Quando comecei jogávamos com 2 defesas e 3 avançados. O treinador não gostava quando os defesas passavam muito para além do meio campo...”
- Quem eram os melhores? “Na altura já eram os americanos. Lembro-me de ir a um dos primeiros clinics que aconteceram, em Lisboa, e de ver pela primeira vez o lançamento em suspensão... eu que só conhecia o lançamento do peito com os pés apoiados... e depois assisti aos Globtrotters, pensávamos que eram do outro mundo...”
- Quem é para si o melhor jogador de sempre? “O que mais me marcou, talvez fosse o Reece “Goose” Tatum”. Para o conhecerem melhor podem ir ao link:http://www.harlemglobetrotters.com/team/legends/tatum.asp
Foi, sem dúvida, um final de tarde bem diferente e muito agradável. OBRIGADO Júlio Geraldes!
4 comentários:
Assisti e posso afirmar que mais do que uma lição de história de basquetebol foi uma lição de Vida que este Sábio me proporcionou.
Muito prazer em conhece-lo pessoalmente sr Júlio!
Adorei conhecer o sr. Julio Geraldes. É uma pessoa com muito para contar e se tivessemos mais tempo na altura tenho a certeza que todos nós iamos a ficar a saber mais um bocadinho do que foi o basquetebol há 70 anos.. Espero que nos visite mais vezes, com a sua simpatia, porque nunca é tarde para se aprender alguma coisa. Obrigado.
Apesar do tempo ser escasso com o Sr. Julio, e como para bom entendedor maia palavra basta,deu para perceber que foi uma vida ligada ao basquetebol... as iniciativas deste genero deviam ser mais frequentes, alem de uma curiosida é cultura... e com o Sr. Julio aprende-se... e muito, nao so a nivel de basquetebol como a nivel pessoal... obrigado pela "formação"...lol
Reconheço no Sr. Júlio Geraldes a sabedoria do basquetebol de uma altura em que esta modalidade ainda estava a ser descoberta em Portugal, bem como a qualidade de um trabalho de longos anos em prol do basquetebol nacional.
Espero que todos tenham a consciência da sorte que têm em pela possibilidade de contactar com este HOMEM DO BASQUETEBOL, sorte essa que também eu tive e ainda hoje prezo muito.
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