segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

FIBA Europe Coaching Certificate (FECC)

Pois é... como diz o ditado antes tarde que nunca...

Foi já em Julho passado que fiz este post, quem tiver pachorra e quiser recordar o assunto é só clicar: http://cntparedes.blogspot.com/2007/07/frias-mas-quais-frias.html

Na altura deixei ficar a promessa de partilhar a experiência com todos os treinadores (por este canal), dado ser o único português presente. Meteu-se o Eurobasket, o início do CNT e o Clinic da AB Porto, que me fizeram adiar o prometido.

1. O que é o FECC
A FIBA Europa decidiu formar e certificar treinadores tendo em vista os seguintes objectivos:
- aumentar competências e conhecimento internacional;
- proporcionar o contacto com treinadores de elite;
- dotar os candidatos com um conjunto de conhecimentos partilháveis com os colegas treinadores de cada país;
- fornecer qualificação, reputação e referências internacionais.
Para obter o certificado os candidatos têm de cumprir 3 blocos curriculares que acontecem anualmente no período 3 anos consecutivos, durante uma semana, em simultâneo com os europeus de Sub-16M(2007), Sub-18M(2008) e Sub-20M(2009). A exigência é enorme. Os dois primeiros anos são de Clinic, análise de jogo e workshops vários, sujeitos a avaliação contínua. Segue-se um estágio opcional e a preparação de um completo relatório que será avaliado conjuntamente com o exame oral e escrito, a ter lugar no último ano do curso. Este ano foi a primeira edição do curso mas está previsto, a partir de 2009, a realização anual de ciclos de formação. Para conhecerem um bocadinho melhor o funcionamento e objectivos, se dominarem o inglês, podem clicar: http://coaching.fibaeurope.com/default.asp?cid={AD6B0D5B-33F4-4C1A-A62E-38F8A31AFE4E}&coid={1F364937-5DD7-4430-B674-1234C4420D51}&articleMode=on&

2. O local
Foi entre 24 e 27 de Julho passado que o clinic aconteceu, na ilha grega de Creta, mais concretamente na cidade de Rethymno. Digo-vos que passei o maior calor da minha vida (mais de 45º). Feliz ou infelizmente, conforme o ponto de vista, passei os dias enfiados num auditório na cave de um hotel, sob o fresco ar condicionado. No pavilhão, aquando da participação nas sessões práticas, ou para assistir aos jogos, o calor era impressionante...

3. Os candidatos
Foram precisamente 60 os treinadores que fizeram parte do primeiro ano curricular, em representação de 34 países. Os candidatos ao certificado foram propostos pelas federações nacionais e a FIBA Europa validou, ou não, a participação, em função do curriculum e perfil. Só participaram 3 elementos do sexo feminino. Como já antes referi, fui o único português presente. Quanto às idades, os candidatos tinham dos 23 aos 58 anos de idade, sendo que eu fiz parte da metade dos mais novos.

4. Os prelectores
O projecto FECC é coordenado pelo alemão Michael Schwarz, responsável do departamento de treinadores da FIBA Europa. O mentor é Svetislav Pesic (actualmente no Dynamo Moscow). Os restantes prelectores foram Henrik Dettmann (seleccionador Finlândia), Lucien Legrand (director do INSEP - https://extra.insep.info/content/), Nihat Izic (seleccionador Turquia), Pablo Laso (Bruesa – treinador da equipa LEB do Carlos Andrade) e ainda os especialistas Duncan French (treino de força e coordenação), Dr. Costas Parisis (primeiros socorros), Cristina Tsitsimbikou (anti-doping), Stavros Kavouras (nutrição). Para saber um pouco mais, clicar: http://coaching.fibaeurope.com/default.asp?cid={AD6B0D5B-33F4-4C1A-A62E-38F8A31AFE4E}&coid={0C0ED8B6-2C30-41FE-A746-75BBC461A2EB}&articleMode=on&

5. O funcionamento em traços gerais
O curso foi composto por 3 grandes partes:
- clinics
- workshops
- observação de jogos (e jogadores)
Neste último ponto eu tive uma grande vantagem face aos meus companheiros formandos, dado que estive a acompanhar o campeonato desde o início. E como não estava directamente responsável pela equipa aproveitei tudo o que pude para ver... e aprender. No total assisti a cerca de 30 jogos.

O dia começava às 8h e terminava (oficialmente pelo programa) às 2h da manhã... mas a partir daí começava uma parte fundamental desta experiência - a partilha de conhecimentos com os colegas de toda a Europa. Ninguém era capaz de se ir deitar sabendo que vivia uma oportunidade única de fazer contactos e trocar experiências tão enriquecedoras.
6. Os conteúdos
Os grandes temas tratados foram:
- selecção de talentos
- perfil de jogador
- macro-ciclos de preparação
- lançamento
- desenvolvimento de jogadores do perímetro
- desenvolvimento de jogadores interiores
- condição física
- doping
- nutrição
- primeiros socorros
- workshops com 3 valências: usar software de edição profissional de video, aprender a avaliar um jogador e ainda reflectir e melhorar as suas lacunas.
7. Informação recolhida
Segundo o coordenador da FIBA Europa, devo estar a receber por correio os dvd’s com TODA a parte curricular do curso. Naturalmente que é minha intenção disponibilizar essa informação a todos os colegas treinadores interessados, embora ainda sem saber como irei operacionalizar esse processo. Vai ser seguramente melhor (e mais cómodo) do que eu estar a preparar um resumo escrito daquilo que vivi e aprendi.
8. Discussão com Pesic
Em grupos de 12 elementos, tivemos oportunidade de um frente-a-frente com o mentor Pesic. O curriculum e a figura impressionam. Dado ser uma sessão sem tema fixo, tratei logo de «puxar a brasa à minha sardinha», como se costuma dizer, e pu-lo a falar da preparação dos jogos (e scouting) no ciclo de trabalho semanal. Nada de muito diferente... mas tudo muito rigoroso e pensado ao pormenor.
9. Trabalho de grupos
Todos os trabalhos foram realizados em grupos, o que permitiu um intercâmbio muito interessante. Aliás, para mim, os contactos que fiz e o que aprendi sobre as diferentes realidades por essa Europa fora foram as mais valias desta participação. Mas falava eu dos grupos e o meu foi com o Jan Holubec (Rép. Checa) e o Saso Todorovski (Macedónia). Fui nomeado "especialista informático" do grupo, o que se traduziu em trabalho extra conjuntamente com os outros colegas também nomeados... mas foi oportunidade para experimentar outro software de scouting - o "Dartfish". Outros companheiros “inseparáveis” foram o Aksoy Mustafa (Turquia, com quem partilhei o quarto) e Andrea Menozzi (Itália).
10. Acerca do Eurobasket
Bem, no último dia pudemos experimentar a água a 28º na praia e piscina do hotel. Mas as minhas recordações mais fortes são estas:
- ver a admiração extrema pelo nível do basquetebol português por parte do colega da Albânia, que nos invejava pela participação no Eurobasket e estarmos a crescer (tudo é relativo, não?)
- e precisamente, por falar em Eurobasket, não é possível descrever o gozo que deu estar a partilhar umas ondas simultaneamente com os colegas da Bósnia, Macedónia e Israel... os tais do apelidado «grupo da morte»... a escalpelizar a tragédia que foi o não apuramento... deles!
Isto já vai longo. Podem ver um video-resumo no link em baixo retirado do site da FIBA Europa (home page): mms://vod.fibaeurope.com/streamingvideos/FECC_Crete2007.wmv
Em 2008 o segundo bloco do FECC será novamente na Grécia, em Amaliada, durante o europeu de Sub-18 Masculino.

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